Por que você deve assistir Para Sama
Longa não é apenas a história de uma mãe e sua filha, mas a de muitos refugiados
“Eu preciso que você entenda pelo que estávamos lutando”, diz a diretora Waad al-Kateab para a filha, numa espécie de carta aberta em documentário. É este enfoque que diferencia Para Sama de tantos filmes sobre guerra. A jornalista Waad al-Kateab registra em primeira pessoa o cotidiano de sua família, a transformação da sua cidade Alepo, na Síria, enquanto se torna mãe. Assim como muitos pais, al-Kateab tinha o hábito de ter uma câmera na mão para documentar o crescimento dos filhos. Mas diante de um contexto marcado por bombardeios frequentes, a diretora faz desse registro íntimo uma denúncia potente da violência extrema que atinge milhares de civis.
O ACNUR reuniu sete motivos que fazem de Para Sama uma obra imperdível:
1. Para Sama oferece a rara perspectiva de uma mãe sobre a guerra
O nascimento da filha de Waad al-Kateab (para quem o filme é dedicado) em é um contraponto de inocência em meio ao caos da guerra na Síria. A diretora compartilha a experiência de tornar-se mãe, as angústias de defender seu país e manter segura sua família. “Eu não sou apenas uma mulher”, disse al-Kateab em entrevista, “mas essa foi uma das principais maneiras pelas quais experimentei o conflito: como mulher, como mãe. Eu via uma criança morta e pensava ‘poderia ser Sama’. Eu poderia ser mãe de um bebê morto. Eu poderia morrer a qualquer momento. Tive que expressar esse sentimento.”
2. O documentário colocou em destaque o bombardeio de hospitais na Síria
Para Sama foi citado pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas em depoimento sobre ataques a instalações e profissionais de saúde na Síria. “Quando os trabalhadores médicos são mortos, o número de mortos não é apenas o de suas vidas que se foram, mas também o exponencial de pessoas que sofrem e morrem sem tratamento médico, como é exibido no novo e poderoso documentário Para Sama.”, afirmou a chefe de política médica para Direitos Humanos, Susannah Sirkin. Na ocasião, ela destacou o triste registro de 578 ataques a instalações médicas na Síria, entre março de 2011 a julho de 2019. A maior parte do filme se passa dentro de hospital improvisado em Alepo, onde a jovem família viveu por meses, mesmo sob ataque. Hamza, médico e marido de al-Kateab, ajuda a cuidar de centenas de civis feridos todos os dias.
3. Foi recorde de indicações em prêmios importantes
O longa-metragem foi homenageado com quatro indicações ao British Academy Film Awards (BAFTAs), considerado o Oscar britânico, se tornando o documentário mais indicado na história da premiação. Para Sama tem, ainda, na lista de prêmios, o Prix L’il d’Or no Festival de Cannes, o Grand Jury Award no SXSW Film Festival de 2019 e o Prêmio do Júri Especial, no Hot Docs.
O filme também recebeu indicação ao Oscar. A diretora aproveitou a visibilidade midiática que usualmente é dada aos trajes das convidadas para fortalecer a mensagem do filme. “Nós ousamos sonhar. Não nos arrependemos de lutar pela nossa dignidade”, diz o bordado no vestido de Waad Al Kateab, em árabe.
4. As atrizes Cate Blanchett e Emilia Clarke elogiaram e recomendaram o filme
Cate Blanchett, embaixadora da Boa Vontade do ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, mediou um evento especial sobre o documentário que contou com a presença dos autores. Antes da exibição, Blanchett chamou a atenção sobre a importância de proteger àqueles que são forçados a saírem de seus países. “Esta noite é um momento para fazer uma pausa e pensar no que podemos fazer para desafiar a xenofobia, a polarização e o estigma que os refugiados vivenciam.” Emillia Clarke também aclamou a obra ao ressaltar a importância de que as pessoas a vejam. “Este filme é sobre vida, morte e o espaço frágil onde a humanidade vive, respira e sobrevive. Por favor, assistam e apoiem este trabalho de tirar o fôlego!”, disse Clarke.
5. Não é apenas a história de uma guerra, mas de esperança
Pelas lentes de al-Kateab, o espectador testemunha as consequências dos atos de violência extrema contra os civis, mas também vê sinais de humanidade resiliente: crianças rindo e brincando na carcaça de um ônibus carbonizado, médicos arriscando suas vidas para cuidar dos feridos, assim como funcionários do hospital tentando alegrar a criança protagonista, Sama, no escuro, pós-bombardeio. Estes acontecimentos assumem um novo significado pelo contexto e dão a tônica da mensagem do filme.
6. Não é apenas a história de uma mãe e sua filha, mas a de muitos refugiados
Quando Waad exibiu o documentário para mulheres sírias que buscaram refúgio na Turquia, seus relatos evidenciaram que, mesmo partindo de um relato pessoal, a essência emocional do que vive uma mãe refugiada faz da história retratada um testemunho de muitas. “A dor de ser forçada a fugir do meu país foi pior do que qualquer outra coisa que experimentamos durante toda a guerra. Sair de nossa casa, depois de lutar por tanto tempo, partiu nossos corações “, disse a diretora, que hoje vive como refugiada em Londres. O marido de al-Kateab, mesmo com toda a visibilidade que obteve com o filme, ainda não conseguiu se reestabelecer na carreira médica em seu novo país. “Ninguém cresce sonhando em ser um refugiado”, disse Hamza, “Queremos que as pessoas entendam que cada refugiado é um indivíduo com uma história. Há razões para essas pessoas serem refugiadas: elas estão fugindo do perigo e só querem uma vida melhor para si e para suas famílias.”
De acordo com o último relatório Tendências Globais, o número de pessoas que fugiram dos bombardeios nas cidades sírias já ultrapassa 6.7 milhões. A Síria é o país de onde sai a maior porcentagem de pessoas buscando refúgio no mundo.
7. Para Sama te convida a ampliar seu ponto de vista
O filme convoca o público a se perguntar: quanto tempo você suportaria lutar por seu país se tudo ao seu redor estivesse desmoronando? Mesmo correndo risco de vida, os cidadãos sírios não desistiram de mostrar ao mundo o que está acontecendo em sua terra natal. Graças ao olhar tão íntimo e humano, Para Sama traz a reflexão de que, ali, poderia ser você.
A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) trabalha em 134 países para salvar as vidas, proteger os direitos e garantir um futuro digno às pessoas que foram forçadas a se deslocar em virtude de conflitos, perseguições e graves violações de direitos humanos, assegurando que possam buscar e obter refúgio em outro país. Sua doação transforma a vida de quem foi forçado a deixar tudo pra trás. Ajude refugiados hoje mesmo.