Em 14 de fevereiro de 2012, o Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, António Guterres, falou ao Lowy Institute for International Policy em Sydney (Austrália) sobre os novos desafios impostos pelos deslocamentos resultantes de mudanças climáticas.
Tendo como base as comemorações recentes pelo 60º aniversário da Convenção de 1951 e 50º aniversário da Convenção de 1961, que trata da redução da apatridia, Guterres refletiu sobre a situação de 43,7 milhões de pessoas ao redor do mundo – o que corresponde a duas vezes a população da Austrália – forçadas a deixar suas casas para escapar de perseguições e conflitos.
Para ele, garantir a proteção destas pessoas na próxima década exigirá uma compreensão de como a dinâmica do deslocamento se transformou, assim como as respostas disponíveis para a comunidade internacional.
Além do deslocamento forçado afetar mais pessoas hoje do que há uma década, e por períodos cada vez mais longos, ele também está se tornando mais complexo. Conflitos e revoltas, tradicionais estopins, são agravados por fatores que se relacionam e se reforçam: crescimento populacional, urbanização, escassez de água e alimentos e – o que é ainda mais dramático – pelos efeitos das mudanças climáticas.
Segundo Guterres, as mudanças climáticas afetam praticamente todas as esferas da vida no planeta. Naturalmente afetam também os deslocamentos, pois têm efeito multiplicador nos fatores que levam as pessoas a deixar suas casas.
Existem crescentes evidências da relação direta entre mudanças climáticas e o aumento da frequência e da intensidade dos desastres naturais. Estes, por sua vez, mostram que têm tanta capacidade de forçar o deslocamento de pessoas quanto os conflitos que o ACNUR está tradicionalmente habituado a lidar.
- Título original: “The changing face of global displacement: responses and responsibilities”
- Leia a íntegra deste discurso (em inglês)