Arte e Refúgio no Brasil

© ACNUR

Uma celebração do 150º aniversário de Fridtjof Nansen

O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e a Embaixada da Noruega no Brasil realizam a exposição “Arte e Refúgio no Brasil: uma celebração do 150º aniversário de Fridtjof Nansen”. A mostra, que será aberta em Brasília no dia 11 de outubro, reúne pela primeira vez artistas refugiados que vivem no Brasil e artistas plásticos brasileiros.

No total, participam da exposição 18 artistas, que apresentarão 22 obras (entre pinturas e esculturas), a maioria inédita. A mostra tem apoio da Caixa Cultural e ficará aberta até o próximo dia 30 de outubro, com entrada franca. Entre os artistas participantes estão cinco refugiados (de Angola, Colômbia e República Democrática do Congo).

A exposição é parte das comemorações feitas pelo ACNUR em todo o mundo para celebrar o 150º aniversário de nascimento do norueguês Fridtjof Nansen, o primeiro Alto Comissário para Refugiados da Liga das Nações. Neste ano, o ACNUR também comemora o 60º aniversário da Convenção de 1951 sobre o Estatuto do Refugiado e o 50º aniversário da Convenção de 1961 sobre Redução de Apatridia.

Fridtjof Nansen foi uma pessoa talentosa. Entre 1920 e 1930 (ano de sua morte), integrou a delegação norueguesa na Liga das Nações – organização que antecedeu a ONU. Após a I Guerra Mundial, organizou a repatriação de aproximadamente 450 mil prisioneiros, para 26 diferentes países de origem. Em 1921, foi nomeado o primeiro Alto Comissário para Refugiados, trabalhando com centenas de milhares de refugiados e apátridas – esses últimos beneficiados pelo chamado “Passaporte Nansen”, reconhecido em 52 países. 

Atendendo a um chamado da Cruz Vermelha Internacional, Nansen organizou um programa de assistências às vítimas da fome na então União Soviética, entre 1921 e 1922. Centenas de milhares de pessoas estavam sofrendo, e o apoio político do Ocidente a um regime comunista era um tema bastante delicado. Nansen insistiu que a caridade aos necessitados deveria vir de qualquer fronteira política, fazendo com um milhão de pessoas recebesse ajuda.

Por todos os seus esforços humanitários, Nansen ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1922. Posteriormente, se envolveu com as negociações de paz que levaram ao Tratado de Laussane (1923) entre Grécia e Turquia. Também ajudou a encontrar uma solução para os refugiados armênios. Ele faleceu em 1930, mas segue inspirando o trabalho humanitário no mundo. Em 2011, foram elaborados os “Princípios Nansen”, que oferecem diretrizes para o trabalho relacionado às vítimas das mudanças climáticas

Seu legado é reconhecido pelo ACNUR, uma das maiores agências humanitárias do mundo e que tem milhões de pessoas sob seu mandato – entre elas 10,5 milhões de refugiados, cerca de 12 milhões de apátridas e 14,7 milhões de deslocados internos. Homenagear este legado é relembrar os valores fundamentais da resposta humanitária aos desafios atuais dos refugiados e de outras populações deslocadas.

Além de apresentar pinturas e esculturas, a exposição “Arte e Refúgio no Brasil” trará uma sessão dedicada ao trabalho e legado de Fridtjof Nansen. A exposição evidencia a solidariedade da sociedade brasileira, em um ano turbulento que testemunha uma quantidade significativa de novos conflitos em meio a lutas antigas que perduram. É também uma mostra eloquente da resiliência e talento dos refugiados, além de uma merecida homenagem a Fridtjof Nansen. “Arte e Refúgio no Brasil: uma celebração do 150º aniversário de Fridtjof Nansen” está exposta no Átrio dos Vitrais do Edifício Sede da Caixa Econômica Federal, em Brasília (DF).