Crianças em Fuga

Uma crise silenciosa

Milhares de famílias estão deixando tudo para trás para fugir da violência praticada por gangues e pelo crime organizado em países do Triângulo Norte da América Central (TNAC) – El Salvador, Guatemala e Honduras. No centro dessa crise estão muitas crianças e adolescentes que testemunharam terríveis atos de violência e foram expostas a riscos extremos. Em muitos casos, elas são forçadas a fugir sozinhas, perdem sua infância e não têm para quem pedir ajuda.

Nos últimos cinco anos, o ACNUR registrou um alarmante aumento de refugiados e solicitantes de refúgio vindos do Triângulo Norte da América Central, em grande parte crianças separadas ou desacompanhadas. Em 2011, foram 17,9 mil pessoas. Em 2016, este número chegou a 175 mil. Muitos destes refugiados e solicitantes de refúgio têm buscado proteção no México, Estados Unidos, Belize, Costa Rica, Panamá e Nicarágua.

Ainda que esses números pareçam pequenos se comparados com as grandes crises de refugiados na África e no Oriente Médio, o rápido crescimento está exaurindo os recursos disponíveis nas comunidades de acolhida e fazendo com que muitas crianças, mulheres e homens tornem-se vulneráveis pela falta de proteção física e legal.



A violência das gangues e do crime organizado nos países do Triângulo Norte da América Central tem gerado uma silenciosa crise que não pode mais ser ignorada. Crianças estão sendo recrutadas pelas gangues, e os que se recusam, acabam virando alvos. As ameaças começam cedo, geralmente quando as crianças completam 6 anos.

Embora a evidência mais visível da violência na região seja a alta taxa de homicídios, outros abusos de direitos humanos também estão ocorrendo. As crianças e jovens têm poucas opções: ou se juntam às gangues e passam a extorquir e assassinar, ou testemunham a morte de seus familiares e, em muitos casos, acabam também sendo assassinadas. No caso das meninas, muitas são constantemente estupradas ou forçadas a terem relações com integrantes das gangues.

As crianças e suas famílias que conseguem fugir são frequentemente vítimas de extorsão, sequestros, roubos a mão armada e violência sexual e de gênero, tendo acesso limitado a serviços de saúde e de educação. Todos esses fatores combinados criam um ambiente terrível para as crianças e adolescentes, que para salvar suas vidas não tem outra opção a não ser fugir.

O ACNUR (Agência da ONU para Refugiados) e seus parceiros governamentais e da sociedade civil já estão em ação, estabelecendo abrigos, disponibilizando assistência financeira, implementando projetos emergenciais de educação e oferecendo apoio legal e psicológico. Porém, é preciso fazer mais, já que a situação não mostra sinais de estabilização.

A campanha

O ACNUR está fazendo o possível para responder a essa emergência e proteger essas crianças e suas famílias. Porém, o vasto número de pessoas que precisa de assistência é estarrecedor e os recursos disponíveis são insuficientes.

Por esse motivo, estamos fazendo um apelo para que os doadores e o público em geral solidarizem-se e nos ajudem a responder à crise, arrecadando US$ 26 milhões por meio da campanha Crianças em Fuga.

Esta campanha está em linha com o mandato do ACNUR, que é o prover proteção a refugiados e solicitantes de refúgio, assegurando que seus direitos humanos sejam respeitados e garantindo que essas pessoas não serão forçadas a retornar aos lugares onde possam estar em perigo.

Histórias de crianças e famílias em fuga

A campanha “Crianças em Fuga” alerta para o flagelo de milhares de crianças que são forçadas a se deslocar devido à violência de gangues nos países do Triângulo Norte da América Central (El Salvador, Honduras e Guatemala). Doações podem ser feitas aqui

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Durante uma recente missão ao México, visitei dois abrigos para migrantes e refugiados em Tapachula. A cidade, que está localizada ao sul do país e próxima à fronteira com a Guatemala, é onde milhares de crianças chegam após fugirem dos atos de violência em países do Triângulo Norte da América Central.

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