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Iniciativas de diferentes linguagens marcam o Dia Mundial do Refugiado em São Paulo

Com o objetivo de trazer informação e reflexões sobre as mais de 22,5 milhões de pessoas refugiadas, diversas atividades foram realizadas ao longo do dia 20 de junho.

São Paulo, 21 de junho de 2016 (ACNUR) – O lançamento do relatório “Tendências Globais 2016” do ACNUR foi marcado por eventos que colaboraram para reforçar as contribuições que as pessoas refugiadas podem trazer aos países de acolhida, desmistificando os cenários de medo e ameaça que são notados em alguns segmentos da sociedade global.

Na véspera do Dia Mundial do Refugiado, celebrado globalmente no dia 20 de junho, a Representante do ACNUR no Brasil, Isabel Marquez, lançou o relatório “Tendências Globais - Deslocamentos Forçados em 2016”. A publicação revelou que, entre as 65,6 milhões de pessoas foram forçadas a se deslocar em todo o mundo, 22,5 milhões são refugiados, e que as crianças representam a maioria. Os fatos mais impactantes e o relatório na íntegra (em inglês) podem ser acessados em https://goo.gl/6oSWqP

Todos esses números refletem um imenso custo humano que é resultado de conflitos armados, perseguições e violações dos direitos humanos a nível global: uma a cada 113 pessoas em todo mundo diz respeito a um ser humano que foi forçado a se deslocar – a cada três segundos, uma pessoa passa por essa situação.

“Os número de fato impressionam, mas não podemos nos esquecer que estamos falando de pessoas, de seres humanos que são profissionais qualificados, crianças com sonhos, mulheres determinadas, pessoas com esperança de encontrar lugares seguros para reconstruir suas vidas com diginidade e respeito, tendo seus direitos assegurados”, disse a Representante do ACNUR em seu discurso de abertura do lançamento do relatório, realizado no auditório lotado da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do Governo do Estado de São Paulo.

Já no dia 20 de junho, o ACNUR esteve presente em dois eventos que trouxeram reflexões sobre a realidade das pessoas refugiadas, contando com a presença e participação de refugiados e refugiadas de diferentes nacionalidades.

Pela manhã, o ACNUR participou de um ciclo de palestras sobre o tema, realizado no Museu da Imigração e promovido em parceria com o Observatório das Migrações de São Paulo (UNICAMP/NEPO), Missão Paz, Observatório das Metrópoles (PUC-SP), Observatório de Políticas Públicas (USP), Observatório da Imigração do Estado de Minas Gerais (PUC-Minas) e Observatório das Migrações em Rondônia (UNIR). 

O ACNUR apresentou os dados do relatório “Tendências Globais 2016” em seminário realizado no Museu da Imigração, em São Paulo, para pesquisadores e estudantes do ensino médio. Foto: Miguel Pachioni/ACNUR.

Para a jornalista Claudine, refugiada originária da República Democrática do Congo e que vive há quase três anos no Brasil, eventos como este são fundamentais para disseminar informações verídicas e ajudar na compreensão sobre quem são as pessoas refugiadas de fato.

“Em algumas situações, mesmo aqui no Brasil, eu não posso dizer que sou refugiada porque as pessoas podem entender equivocadamente e me julgar por pensar que eu fui a causadora de um conflito, sendo que na verdade eu sou o resultado dele. Quando era solicitante de refúgio, tive problemas para que meu protocolo provisório fosse reconhecido como documento em bancos e em empresas, o que dificultou minha integração na sociedade”, disse a jornalista.

Já na parte da tarde, o ACNUR e seus parceiros Caritas Arquidiocesana de São Paulo e Associação Compassiva realizaram uma intervenção artística em plena praça pública. A atriz paulista Veronica Nobili interpretou uma mãe síria em pleno bote na travessia imaginária do Mediterrâneo, onde ainda milhares de pessoas refugiadas e migrantes perdem suas vidas devido a insegurança da rota e as intempéries marítimas.

“Gosto da arte pela reflexão, pelos questionamentos que ela causa nas pessoas. O foco na humanidade sobre a temática do refúgio é fundamental nesse momento de intolerência e incompreensão para mostrar ao público brasileiro que, embora vivamos nossas rotinas diárias, quem chega ao Brasil em busca de uma nova vida requer toda nossa atenção porque chegaram aqui como último recurso e precisam ser compreendidas pelo que são, pessoas como quaisquer outras com a diferença que enfrentaram atrocidades em seus países de origem”, disse a atriz.

As ações para promover a visibilidade sobre o Dia Mundial do Refugiado têm continuidade esta semana em São Paulo, com a mostra internacional de documentários “Olhares sobre o Refúgio”. A mostra é gratuita e as sessões começam amanhã, no Cinesesc (Rua Augusta, 2075), sempre às 19hs, de acordo com a programação disponível em https://goo.gl/DmKCSp

Por Miguel Pachioni, de São Paulo.