Esperança de que dias melhores virão
A tranquilidade de Philippe Mbudi é tão grande que até me espanta. A boa forma física também: ele tem 52 anos de idade, apesar de parecer bem mais jovem. Tudo isso se deve ao seu estilo de vida – Philippe é lutador e professor de caratê e pratica o esporte há mais de 35 anos.
Ele me contou que aprendeu a lutar na República Democrática do Congo (RDC), onde nasceu, e que conciliava a prática do esporte com outros empregos, como o de motorista e o de guarda-costas.
Há dois anos, Philippe passou a se dedicar exclusivamente ao caratê, participando de campeonatos no Congo e em outros países na África. Em 2012, ele treinou uma equipe que foi vice-campeã nacional na RDC.
Os bons resultados no esporte aumentaram a visibilidade de Philippe, e ele passou a ser vítima de perseguição política. Depois de passar 10 meses na prisão, ele vendeu tudo o que tinha no Congo para conseguir sair do país, já que sua vida lá estava sendo ameaçada.
Chegou sozinho ao Brasil em março de 2014 e deixou sua mulher e seus 6 filhos na África. Agora, seu objetivo é conseguir se estabilizar no Rio de Janeiro, aprender português e, então, trazer sua família.
“A vida de um refugiado é muito dura. A gente não conhece a língua, tem dificuldade de encontrar emprego. Mas eu tenho muita esperança de que dias melhores virão”, ele me falou. E eu também tenho essa esperança.
Por Beatriz Oliveira, Rio de Janeiro, Brasil