Tamanho do texto A A A

ACNUR retira 1.100 pessoas de tendas em resposta ao inverno

A agência tem organizado 19.500 lugares em apartamentos, hotéis e casas de família em toda a Grécia para os candidatos a realocação e para os solicitantes de refúgio vulneráveis.

ATENAS, Grécia, 16 de dezembro de 2016 – O refugiado iraquiano Kheri Mando Sliman, aliviado por ter deixado uma tenda gelada em um acampamento montanhoso, parece satisfeito com o novo alojamento fornecido para ele e sua família em um apartamento temporário em Volvi, no norte da Grécia.

“É um lugar muito agradável, nada parecido com o acampamento frio no Monte Olimpo”, disse, com um sorriso, o homem de 34 anos, oriundo da região montanhosa de Sinjar, no norte do Iraque.

Ele está entre os mais de 1.100 solicitantes de refúgio que o ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, mudou na semana passada do campo de Petra Olympou para prédios em toda a Grécia.

Desde a primavera, eles estavam vivendo em tendas em Petra Olympou, em uma encosta a mais de 500 metros acima do nível do mar, no sopé do Monte Olimpo. No final de novembro, as temperaturas atingiram níveis abaixo de zero.  O último ônibus deixou o local administrado pelo governo quando os primeiros flocos de neve caíram sobre as tendas.

“Minha filha de quatro anos não aguentava mais”, disse Kheri, cuja família fugiu da violência no Iraque.

O ACNUR encontrou pequenos apartamentos temporários e quartos de hotel a preços especiais para solicitantes de refúgio em Volvi, Katerini e Chalkidona. Os que serão realocados em outros países europeus foram acomodados em Atenas para facilitar a preparação.

“Minha filha de quatro anos não aguentava mais.”

 O ACNUR, com financiamento da União Europeia, organizou 19.500 lugares em apartamentos, hotéis e casas de família em toda a Grécia para candidatos a realocação e para solicitantes de refúgio vulneráveis.

Petra Olympou não é o único campo que o ACNUR está ajudando as autoridades gregas a fechar por conta da estação fria. Kipselochori, na Grécia central, também foi considerado inadequado para as condições de inverno e seus antigos residentes foram transferidos para um alojamento mais adequado. Cherso, um refugiado no norte do país, também foi parcialmente evacuado sob orientação do governo.

Famílias Yazidi com todos os seus pertences empacotados, prontos para que o ACNUR os realoque em apartamentos. © UNHCR/Christos Tolis

Cerca de 2.600 refugiados e migrantes vivem em casas pré-fabricadas fornecidas pelo ACNUR em oito dos mais de 40 locais administrados pelo governo. A Samaritan’s Purse, organização parceira do ACNUR, tem distribuído roupas de inverno, como casacos e botas em locais administrados pelo governo, totalizando cerca de 200 mil itens.

Kheri está começando a se familiarizar com o seu novo ambiente em Volvi. Sua cidade natal, Sinjar, está perto da fronteira com a Síria e foi destruída pela guerra. Uma realidade distante da paisagem calma e do lago onde agora vive. Kheri pertence à comunidade religiosa Yazidi, que é perseguida por sua fé. 

 “Aqui estamos bem. Nós não estamos mais com medo.”

A vida diária nunca foi fácil para sua família. Ganhava a vida com um duro trabalho manual. Mesmo ao visitar a cidade vizinha de Mosul, o mais importante centro urbano da região na época, ele não se sentia seguro.

Em agosto de 2014, o tempo se esgotou para Kheri e os outros Yazidis na área. Com o Estado Islâmico encurralando a região, eles fugiram de suas casas, deixando tudo para trás, exceto suas roupas. Ele fugiu com sua família para a Síria. De lá eles atravessaram a Turquia e seguiram para a ilha grega de Lesvos.

Famílias Yazid esperam sua vez para embarcar em um ônibus que os levará para apartamentos. © UNHCR/Christos Tolis

“Até então, nós estávamos viajando por cerca de 14 meses”, disse. Em julho, eles chegaram a Petra Olympou, onde sofreram com o clima frio. Com um teto sobre a cabeça em Volvi, ele enfrenta menos uma incerteza sobre o futuro.

Para alguns, dar adeus à montanha foi complicado. Felizes por estarem se mudando para melhores condições de vida, eles acharam difícil se despedir de pessoas com quem tinham compartilhado uma vida por muitos meses.

Como Kheri, muitos passaram meses em fuga. Com a ajuda das autoridades gregas, eles foram persuadidos a passar por vários locais em vez de esperar por um local grande o suficiente para todo o grupo. “O ACNUR ajudou-nos muito”, disse Kheri, enfatizando que o governo grego tratou bem ele e sua família.

“Aqui estamos bem”, acrescentou. “Nós não estamos mais com medo”.

O Plano de Assistência de Inverno do ACNUR precisa de 68 milhões de dólares. Você pode ajudar os necessitados clicando aqui