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Com uma bola no pé, solicitante de refúgio busca realizar seu sonho no Brasil

Como muitos rapazes da sua idade, Abdoulaye sonhava em ser um jogador de futebol, mas ele não imaginava que realizaria esse sonho a mais de cinco mil quilômetros da sua terra natal.

Rio de Janeiro, 21 de agosto de 2014 (ACNUR) – Como muitos rapazes da sua idade, o guineense Abdoulaye Kaba, de 16 anos, sonhava em ser um jogador de futebol. Mas ele não imaginava que realizaria esse sonho a mais de cinco mil quilômetros da sua terra natal. E logo no Brasil, o país que acabou de sediar a Copa do Mundo de 2014.

 Abdoulaye chegou ao Brasil sozinho, em 2012, quando tinha 14 anos de idade. Ele e sua família sofriam perseguições políticas após a prisão de seu pai. Como era o filho mais velho, as pressões sobre ele eram maiores e, por isso, um amigo da família resolveu ajudá-lo a deixar seu país. Seu pedido foi homologado em agosto pelo CONARE, e Abdoulaye passou a ser oficialmente refugiado no Brasil.

“Optei pelo Brasil porque aqui é o país do futebol. Em Guiné, eu já jogava bola e participava de campeonatos desde os sete anos de idade. Como fui forçado a deixar meu país, quis vir para um lugar que tivesse a ver com essa minha paixão pelo esporte”, explica Abdoulaye.

Depois de instalado no Rio de Janeiro, Abdoulaye voltou a estudar e a treinar futebol. Ele treina no projeto social Karanba (localizado em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio), que é coordenado pelo ex-jogador norueguês Tommy Nielsen.

“Sou fã do Seedorf, jogador que foi um grande ídolo do Botafogo. Espero um dia jogar como ele”, afirma o jovem refugiado, que chegou a realizar testes para entrar no time carioca. Botafoguense de coração, Abdoulaye sonha em defender a camisa do seu time um dia.

Abdoulaye já se considera adaptado à vida no Brasil, e até torceu pela seleção brasileira na Copa do Mundo. Como todo torcedor, ficou decepcionado com a performance da seleção, mas é só elogios com o Brasil. Em português quase perfeito, ele afirma que os brasileiros tratam muito bem os estrangeiros e que se sente acolhido aqui. Para ele, a maior dificuldade é a distância de sua família.

“A parte mais difícil de ser um refugiado é ficar longe dos meus pais e dos meus irmãos. Fora isso, a vida no Brasil é muito boa”, finaliza. 

Por Beatriz Oliveira, do Rio de Janeiro