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Chefe do ACNUR faz um apelo mundial pelo fim do sofrimento no Sudão do Sul

Durante sua visita a Uganda, o Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, Filippo Grandi, pediu ações efetivas para pôr fim à violência no Sudão do Sul que já forçou o deslocamento de milhares de pessoas.

ADJUMANI, Uganda – Durante sua visita à Uganda, o Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados fez um apelo pelo fim da violação dos direitos humanos e outras atrocidades que forçaram milhares de pessoas a fugir cruzando as fronteiras do Sudão do Sul. “A paz precisa ser estabelecida no Sudão do Sul. Os líderes deste jovem país devem agir de forma responsável e parar de ignorar os apelos de seu povo”, disse Grandi, após ouvir de refugiados que chegaram recentemente alguns relatos de violência extrema. “A humanidade está sofrendo. Isso precisa acabar”.

Cerca de 90.000 refugiados do Sudão do Sul fugiram para Uganda em busca de segurança desde que um novo conflito entre o governo e as forças rebeldes eclodiu em julho. Ainda que o número total de chegadas tenha diminuído, Uganda continua recebendo de 800 a 1.000 refugiados por dia.

“Os líderes deste jovem país devem agir de forma responsável e parar de ignorar os apelos de seu povo.”

Durante sua visita de três dias à Uganda, Grandi visitou o distrito de Adjumani, local que recebe a maior parte das pessoas que chegam em busca de refúgio. Ele conversou com refugiados que contaram histórias angustiantes sobre os atos de violência que os forçaram a deixar tudo para trás, e que também pediram mais apoio para os refugiados em Uganda.

Taban Arikaangjelo quase perdeu a vida após ter sido baleado e perseguido quando forças do governo atacaram sua aldeia. Ele conseguiu chegar até Uganda, mas contou que alguns parentes continuam presos dentro do Sudão do Sul já que grupos armados bloquearam estradas.

Ele diz que o apelo de Grandi, tanto pela paz no Sudão do Sul quanto por mais ajuda aos refugiados em Uganda, é uma poderosa mensagem.

“Para ele, foi importante vir até Uganda, ver como estamos vivendo e que estamos seguros aqui”.

Depois do Quênia, Uganda abriga a segunda maior população de refugiados da África, com mais de 600.000 refugiados vindos principalmente do Sudão do Sul, da República Democrática do Congo e do Burundi.

O país também dispõe de uma das políticas de refúgio mais progressistas do mundo. Os refugiados vivem em assentamentos ao invés de campos. O governo oferece lotes de terra que os permitem construir suas próprias casas e plantar alimentos que podem ser vendidos e revertidos em renda extra. Grandi admirou o fato que, apesar da escassez de recursos e do recente grande influxo, o governo ugandense continua recebendo refugiados.

“Em nenhum lugar do mundo vi pessoas serem instaladas e abrigadas em menos de dois meses.”

“Em nenhum lugar do mundo vi pessoas serem instaladas e abrigadas em menos de dois meses”, ele disse. O Alto Comissário pediu à comunidade internacional para que ofereçam mais apoio para responder à crise humanitária sul-sudanesa, que atualmente é financiada em apenas 20%. “Peço a comunidade internacional que deem a mesma atenção e ofereçam os mesmos recursos para responder a essa crise, como se ela estivesse acontecendo em um país próximo a eles”, acrescentou.

O Alto Comissário alertou que sem o financiamento apropriado, o ACNUR e seus parceiros irão ter dificuldades para suprir as necessidades dos refugiados sul-sudaneses, expondo centenas de milhares de pessoas aos riscos causados pela escassez de alimentos, doenças e outras questões relacionadas à proteção.