Voluntários gregos são agraciados com o Prêmio Nansen do ACNUR
GENEBRA, 04 de outubro de 2016 (ACNUR) – Na noite do dia 03 de outubro, os voluntários gregos Efi Latsoudi e Konstantinos Mitragas, em nome da equipe de resgate Hellenic Rescue Team (HRT), foram prestigiados pelo ACNUR e receberam o Prêmio Nansen por seu trabalho heroico junto aos refugiados.
Os dois vencedores do prêmio humanitário concedido pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) ajudaram milhares de refugiados que chegaram às ilhas gregas durante a crise de refugiados e migrantes de 2015.
O prêmio reconhece o trabalho realizado por Latsoudi, pela equipe do HRT, assim como o esforço de todos os voluntários na Grécia e Europa em 2015, quando o continente enfrentava a maior crise de refugiados das últimas décadas, com a chegada de mais de um milhão de pessoas durante o ano. Mais de 850.000 pessoas chegaram à Grécia pelo mar, sendo que mais de 500.000 chegaram em Lesbos.
“A solidariedade nos permitiu alcançar tudo isso, precisamos proteger o que conquistamos”.
“Esse prêmio é o reconhecimento pela decisão consciente de não negar ajuda às pessoas em situação de vulnerabilidade que chegaram a Lesbos, e àquelas que não conseguiram”, disse Latsoudi depois de receber a medalha Nansen do Alto Comissário das Nações Unidas, Filippo Grandi, em uma cerimônia no centro de Genebra. “A solidariedade nos permitiu alcançar tudo isso, precisamos proteger o que conquistamos”, disse Grandi.
Latsoudi é uma das fundadoras da comunidade PIKPA, em Lesbos. O que no início era um acampamento de verão para crianças, em 2012, com a ajuda de autoridades locais, foi transformado em um local seguro para refugiados vulneráveis. Durante a crise de 2015, PIKPA abrigava cerca de 600 refugiados por dia apesar de sua capacidade de apenas 150 leitos. Nos últimos quatro anos, a comunidade de PIKPA já ajudou cerca de 30.000 refugiados.
Mitragas lidera uma equipe de mais de 2.000 voluntários da HRT que têm resgatado pessoas no mar Egeu e nas montanhas gregas desde 1978. Em 2015, os voluntários trabalharam 24 horas por dia para atender aos intermináveis pedidos de socorro durante a madrugada. Nesse período, eles realizaram 1.035 operações de resgate, salvaram 2.500 vidas e garantiram a segurança de mais de 7.000 pessoas.
“Pela primeira vez, vimos seres humanos em perigo extremo. Não podíamos pensar duas vezes, apenas ajudávamos”, disse Mitragas ao aceitar o prêmio em nome dos 2.000 voluntários do HRT. “Nós nunca procuramos reconhecimento. Estamos verdadeiramente satisfeitos apenas com o sorriso da pessoa resgatada, essa é a nossa recompensa”.
“Essa é uma generosidade intrínseca, genuína”.
Ao apresentar a medalha, Grandi disse que os heroicos esforços humanitários dos dois ganhadores “refletem o espírito da solidariedade que transcende a intolerância e se foca em salvar vidas, cura os corações e acalma as almas”.
“Essa é uma generosidade intrínseca, genuína: a combinação de atos simples que podem ser tão poderosos. E é isso que motiva os nossos dois ganhadores, que entendem que, antes de tudo, simples atos de humanidade podem resultar em um milagre”.
Pela primeira vez a cerimônia foi conduzida por um árabe, Neshan, um apresentador da televisão libanesa, e contou com o discurso de abertura de Lyse Doucet, aclamada correspondente internacional e chefe da BBC.
Em um emocionante discurso que levou a audiência às lágrimas, Doucet disse: “Lar. Existe alguma outra palavra mais doce no dicionário das emoções? Hoje, celebramos os maiores corações – aqueles que são heroicos”.
O cantor senegalês Baaba Maal proporcionou música à cerimônia, que teve também a participação da campeã mundial de poesia slam de 2015, Emi Mahmoud. Ela recitou sua comovente poesia Bird Watching on Lesvos Island. Os dançarinos da trupe The Grey People também se apresentaram e comoveram o público com uma performance sobre a atual crise de refugiados.
Latsoudi e a equipe do HRT agora se unem aos ganhadores prévios do prêmio como o optometrista japonês Akio Kanai, que devolveu a visão para milhares de pessoas, e à freira congolesa Irmã Angélique Namaika, que ajudou mulheres que sofreram abusos e foram forçadas a fugir pelo grupo Exército de Resistência do Senhor.
No ano passado, a professora escolar Aqeela Asifi recebeu o prêmio pela dedicação de seu trabalho ao ajudar mais de 1.000 meninas refugiadas a completar o ensino primário no Paquistão.