Nadador sírio refugiado realiza sonho ao competir nos Jogos Paralímpicos Rio 2016
Rio de Janeiro, 13 de setembro de 2016 (ACNUR) – O nadador sírio Ibrahim Al- Hussein se esforçou ao seu limite durante as provas de natação que competiu nos Jogos Paralímpicos Rio 2016, competindo na classe S9 nos 50 e 100 metros nado livre. Embora não tenha chegado às finais, Ibrahim provou ao mundo que a deficiência não é uma barreira para competir e todos os refugiados podem competir no cenário mundial.
"Meu sonho se tornou uma realidade aqui no Brasil. O fato de competir nos Jogos Paralímpicos foi uma linda sensação", disse o atleta ao ACNUR pouco depois de deixar a piscina.
Ibrahim é um dos dois para-atletas que enfrentaram o desafio adicional de terem sido forçados a deixar seus lugares de origem para fazer história no Rio de Janeiro, integrando a primeira Equipe de Atletas Paralímpicos Independentes.
Nascido em Deir ez-Zor, na Síria, Ibrahim havia competido natação em provas regionais e nacionais, quando teve sua carreira interrompida há cinco anos devido a eclosão da guerra na Síria.
Depois de perder a parte inferior de sua perna direita em uma explosão em 2013, Ibrahim foi para a Turquia, onde passou a maior parte do ano aprendendo a andar novamente.
Em 2014, embarcou em um barco inflável para a Grécia, onde retomou a natação de competição no ano seguinte, depois de uma pausa de cinco anos.
"Eu poderia ter atingido um tempo menor, eu sou capaz de atingir um melhor desempenho. Mas o fato de não ter praticado esportes por cinco anos tornou esse desempenho mais difícil", disse Ibrahim, acrescentando que esperava dele mesmo um rendimento mais satisfatório.
Ibrahim esteve a frente do desfile de atletas independentes no estádio do Maracanã, durante a cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro, na semana passada. Ele e os demais membros da equipe foram aplaudidos por mais de 70.000 espectadores.
Também faz parte da equipe Shahrad Nasajpour, um atleta iraniano com paralisia cerebral, a quem foi concedido refúgio nos Estados Unidos.
Shahrad competiu na final F37 do arremesso de discos, na última quinta-feira, onde ele conseguiu atingir sua melhor marca na temporada, com 39,64 metros, mas ainda assim não foi o suficiente para voltar para sua nova casa com uma medalha. Ele se recusou a compartilhar sua história por motivos pessoais.
A equipe está seguindo os passos da notória Equipe Olímpica de Atletas Refugiados, cuja participação foi marcante durante os Jogos Olímpicos Rio 2016.
Muito embora nenhum dos 10 atletas que compuseram este time não tenha ganho medalhas, ganhou os corações ao redor de todo o mundo, representando a coragem e a perseverança dos refugiados e das pessoas deslocadas - uma população que já ultrapassa 65 milhões.
Por Diogo Felix.