Jamal* é de Ghazni no Afeganistão, tem 17 anos e também vive no centro de Saint-Omer. Ele chegou sozinho em Calais depois que fugiu de casa.
Ele diz que se sente bem em Saint-Omer e sonha em se tornar engenheiro eletrônico. “Aqui não há conflitos como havia na ‘selva’. Eu gosto de tudo aqui, mas minha atividade preferida é aprender francês”.
“Eu gosto de tudo aqui, mas minha atividade preferida é aprender francês”.
Centros de acomodação e lugares para crianças são limitados. A maior parte das crianças desacompanhadas que vivem em Calais não tem as mesmas oportunidades que Jamal e Ibrahim tiveram.
“Todos os dias recebemos solicitações para acolhermos mais crianças, mas somos obrigados a recusar já que o centro está atualmente lotado”, disse o diretor, Jean-Francois Roger. “É preciso criar mais lugares. As crianças precisam viver em um ambiente seguro”.
De acordo com dados de ONGs, cerca de 850 crianças desacompanhadas vivem na ‘selva’ em Calais.
Como uma medida emergencial, 215 menores foram acomodados em um campo temporário de recepção (Le Centre d’Accueil Provisoire, conhecido pelo acrônimo em francês CAP) e o centro Jules Ferry para mulheres e crianças, que são geridos pela organização La Vie Active. Ambos já estão lotados e não podem acomodar mais ninguém. As outras crianças continuam vivendo em tendas e abrigos improvisados na ‘selva’.
Em 2016, dos 300.000 refugiados e migrantes que chegaram à Europa, 28% são crianças e muitas delas estão viajando sozinhas. Na Itália, 15% das pessoas que chegaram desde o início do ano são crianças desacompanhadas.
Em 2015, as crianças representavam mais da metade do total da população de refugiados do mundo (21,3 milhões de pessoas) e o número de crianças desacompanhadas ou separadas em trânsito também cresceu dramaticamente.
Apenas em 2015, cerca de 100.000 solicitações de refúgio foram feitas por crianças desacompanhadas e separadas em 78 países. Esse é o maior número já registrado desde que o ACNUR começou a coletar esse tipo de informação, há 10 anos.
As tensões em Calais aumentaram nas últimas semanas quando manifestantes franceses bloquearam o acesso ao túnel ferroviário de Calais para pedir o fechamento da ‘selva’.
Independente das circunstâncias, com a aproximação do inverno, acomodações adequadas para crianças desacompanhadas como Jamal, Ibrahim e Manal são necessárias e urgentes.
* Os nomes das crianças foram alterados para garantir sua proteção.