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Refugiados e brasileiros trabalham juntos em São Paulo para a implantação de negócios sociais

O programa Negócios Sociais expõe seus participantes aos desafios de ouvir os relatos de refugiados, apátridas e imigrantes, pinçar os problemas comuns a eles, imaginar possíveis soluções e promover o debate sobre elas.

São Paulo, 12 de setembro de 2016 (ACNUR) - Com o objetivo de solucionar obstáculos e facilitar a vida no Brasil para refugiados e imigrantes, seis projetos foram apresentados e discutidos por brasileiros e estrangeiros que se reuniram em um workshop ao longo de sete horas no último dia 10, em São Paulo.

As iniciativas apresentadas ganharam forma na segunda etapa do Negócios Sociais, programa desenvolvido pelo Migraflix e que conta com apoio da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), do Google e do Sebrae.

O programa Negócios Sociais, composto por quatro workshops, expõe seus participantes aos desafios de ouvir os relatos de refugiados, apátridas e imigrantes, pinçar os problemas comuns a eles, imaginar possíveis soluções e promover o debate sobre elas.

Grupo afina seu projeto de criação de kits de boas vindas para refugiados e imigrantes. Foto: Goldsmid/Migraflix

“As pessoas que solicitam refúgio e que migram para o Brasil são as que mais conhecem suas condições de vida. Tê-los presentes em iniciativas inovadoras como esta é a melhor forma de integrá-los à sociedade local”, completou Camila Sombra, assistente de Soluções Duráveis do ACNUR.

Por fim, grupos formados se lançam ao desenvolvimento de um projeto de negócio viável e com base em modelos apresentados, como o Design Thinking e o Canvas.  No quarto e último workshop, o Demo Weekend, que acontecerá nos dias 19 e 20 de novembro, em São Paulo, os três melhores serão premiados com uma consultoria do Sebrae.

“Nossa proposta é integrar refugiados, imigrantes e brasileiros na busca de soluções de problemas comuns dos que chegam no Brasil para reconstruir suas vidas. Refugiados e imigrantes, com isso, tornam-se ativos nessa busca, e os brasileiros são sensibilizados sobre a realidade deles. Dessa iniciativa, alguns negócios deverão surgir”, afirmou Jonathan Berezovsky, diretor do Migraflix.

Esses projetos já haviam sido esboçados na primeira etapa, realizada dia 13 de agosto, durante workshop sobre Design Thinking e conduzido pelo especialista Julien Condamines. São eles: uma plataforma na internet para facilitar a busca de emprego; a montagem e distribuição de kits de boas vindas em aeroportos;  a atuação de uma equipe preparada para recepcionar os refugiados em portos, aeroportos e pontos de fronteira; uma plataforma para empresas recrutarem refugiados e imigrantes para seus quadros; outra plataforma para o compartilhamento de experiências, produtos e serviços entre refugiados, imigrantes e brasileiros; e um banco de dados com oportunidades de hospedagem temporária e moradia.

Todas essas propostas foram reorganizadas no encontro desta semana, conforme a metodologia do Business Canvas, cujo objetivo é expor o idealizador às perguntas certas e essenciais para a viabilidade de seu negócio.

As respostas permitem mudanças em ideias previamente consolidadas e as melhores soluções. As questões que forem superadas são removidas do cenário – de forma pragmática, os papéis nos quais estavam escritas são amasados e jogados no lixo. Os que sobrevivem se tornam pontos de ação, e uma pessoa do grupo é incumbida de levá-lo adiante.

Participantes, organizadores e apoiadores na foto final da segunda etapa do programa Negócios Sociais. Foto: Goldsmid/Migraflix

Esse jogo de perguntas, respostas e ações se repete em nove blocos: parceiros, atividade-chave, indicadores chave, proposta de valor, relacionamento, canais de comunicação, cliente, estrutura de custo e fontes de receita. Conforme instrução do consultor e designer Gustavo Faria, da agência de comunicação Aeroplan, um líder de cada grupo ficará responsável por manter os debates e colher os retornos sobre ações por meio de encontros pessoais e conversas pelas redes sociais até o dia 22 de outubro, quando a terceira etapa de workshops se dará, também em São Paulo.

Até lá, os projetos estarão suficientemente amadurecidos para a fase final. “Nessa terceira etapa, vamos colocar os grupos para conversar entre si porque há alguns projetos convergentes. Eles podem se tornar um só, ou podem melhorar uns aos outros. Aqui, não há concorrência”, afirmou Faria.

Cerca de 30 refugiados, imigrantes e brasileiros participaram da segunda etapa. Alguns já estão comprometidos desde o princípio e outros foram se incorporando aos trabalhos dos diferentes grupos. O Migraflix aceita novas inscrições para os dois próximos workshops – em 22 de outubro e em 19 e 20 de novembro, ambos em São Paulo. As inscrições podem ser feitas no portal www.migraflix.com.br ao custo individual de R$ 50.

Por Denise Chrispim, de São Paulo.