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Nadador sírio refugiado ganha medalha de ouro especial por representar espírito e valores dos Jogos Paralímpicos

Ibrahim Al-Hussein é um dos vencedores do Prêmio Whang Youn Dai e receberá a medalha na cerimônia de encerramento das Paralimpíadas Rio 2016.

Rio de Janeiro, 15 de setembro de 2016 (ACNUR) – O Comitê Paralímpico Internacional anunciou hoje que o refugiado sírio Ibrahim Al-Hussein é um dos vencedores do Prêmio Whang Youn Dai (WYDAA), conferido aos atletas que melhor exemplificam o espírito e os valores dos Jogos Paralímpicos.

Ibrahim, que perdeu parte da sua perna direita após a explosão de uma bomba, integra a Equipe de Atletas Independentes organizada pelo Comitê e competiu nas provas de natação (50 e 100 metros) nos Jogos Paralímpicos Rio 2016. A outra vencedora do prêmio é a corredora em cadeira de rodas Tatyana McFadden.

Ambos receberão uma medalha especial feita de 75 gramas de ouro puro durante a Cerimônia de Encerramento dos Jogos Paralímpicos, que acontece no próximo domingo (dia 18/09), no estádio do Maracanã.

Criado nos Jogos Paralímpicos de Seul em 1988, o Prêmio Whang Youn Dai homenageia atletas paralímpicos que superam suas limitações físicas para contribuir com uma visão transformadora do mundo por meio dos esportes e das Paralimpíadas.

Nascido em Deir ez-Zor, na Síria, Ibrahim já havia competido como nadador em provas regionais e nacionais no seu país. Mas em 2013, teve sua carreira interrompida pela guerra em seu país após ser ferido por uma explosão que levou à amputação de parte da sua perna direita. Em busca de melhores condições de tratamento, Ibrahim buscou refúgio na Turquia, onde passou a maior parte do ano aprendendo a andar novamente. Em 2014, embarcou em um barco inflável para a Grécia, onde retomou a natação de competição no ano seguinte. Desde então, vem treinando regulamente no seu segundo país de refúgio.

Ibrahim é um dos dois atletas refugiados que integram a primeira Equipe de Atletas Independentes da história dos Jogos Paralímpicos. O sírio competiu na Rio 2016 na classe S9 pelos 50 e 100 metros nado livre, estabelecendo recordes pessoais – mas sem conquistar medalhas.  

Segundo o Comitê Paralímpico Internacional, o prêmio é uma referência ao Dr. Whang Youn Dai, um dos principais defensores das pessoas com deficiência que atua por essa causa há mais de 50 anos. Tem sido dado à atletas inspiradores desde 1988, como exemplo tanto para as pessoas com deficiências como também para todas as demais que veem nos esportes um meio de motivar a vida.

Ontem, durante uma entrevista coletiva, Ibrahim havia comentado sua nomeação para o prêmio. "Estar entre os nomeados já é algo incrível.  Mas, independentemente de ser escolhido ou não, estou muito feliz de ter participado dos Jogos Paralímpicos e de ter conhecido todos estes atletas. Ter participado dos Jogos já é um grande prêmio para mim".

Além de definir suas melhores marcas pessoais e ganhar o Prêmio Whang Youn Dai, Ibrahim foi o porta bandeiras na cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos. Ele também havia conduzido a Tocha Olímpica em Atenas, na Grécia, onde foi acessa antes de chegar ao Brasil e passar pelas mãos de milhares de condutores. Seu companheiro na Equipe de Atletas Independentes é o iraniano Sharad Nasajapour, que vive nos Estados Unidos e participou das competições de lançamento de disco.

Por Diogo Felix.