Muçulmanos, judeus e brasileiros dialogam sobre refúgio no Brasil

quinta 09. junho 2016 13:00 Tempo: 11 days

© Migraflix/ Divulgação
Banda Mazzej, com músicos muçulmanos, brasileiros e judeus, em apresentação na Comunidade Beth-El, em São Paulo.

São Paulo, 09 de junho de 2016 (ACNUR) – Os paulistanos de origem judaica puderam conversar com refugiados sírios sobre a reocnstrução de suas vidas no Brasil e assistir à primeira apresentação da banda Mazzej, composta por músicos árabes, brasileiros e judeus, no dia 18 de maio no auditório da Comunidade Beth-El. A iniciativa de promover o diálogo inter-religioso “Como refugiados reconstroem suas vidas no Brasil” partiu do Migraflix, organização não-governamental focada na integração e no empoderamento de imigrantes por meio do trabalho, e do Conecta Jovens Beth-El.

Assim como o Migraflix, a banda Mazzej está engajada na interação de artistas muçulmanos, cristãos e judeus por meio da música. O grupo mescla as tradições musicais e instrumentos de diferentes povos em seus arranjos e ousa ao reproduzir, no palco, a convivência pacífica e harmoniosa de judeus e árabes no Brasil. O vocal é dominado pela cantora Chantal. No auditório da Comunidade Beth-El, três refugiados relataram como eram suas vidas na Síria, suas jornadas em busca de refúgio e seus recomeços no Brasil e responderam a perguntas da plateia.

Um dos palestrantes, engenheiro e proprietário de lojas de roupas infantis em Damasco, contou as tragédias que vivenciou – foi preso, por engano, e viu famílias destruídas pelo conflito que se arrasta há cinco anos. Teve uma semana para escapar da Síria, ao ser posto em liberdade, e rumou com sua família para o Líbano, de onde seguiu para o Brasil no final de 2013. Como ressaltou, teve de deixar 40 anos de vida para trás.

Em São Paulo, trabalhou como vendedor na feira da madrugada do Bráz, viveu de favor na casa da pessoa que o recebeu – sem conhecê-lo – em São Paulo e, recentemente, abriu um restaurante de comida árabe no bairro do Brooklin graças a uma campanha de arrecadação de fundos pela internet.

O engenheiro sírio aprendeu a falar português, adaptou os pratos árabes ao gosto menos picante dos brasileiros e experimentou o uso de ingredientes locais nas receitas tradicionais – como o requeijão na esfiha. Enfrentou a burocracia do Brasil para abrir sua empresa e hoje também é uma das estrelas dos workshops de gastronomia promovidos pelo Mifraflix. O refugiado e sua família convidaram, ao final, os integrantes da banda e a plateia a experimentar pratos da cozinha árabe especialmente preparados para o evento.

“Hoje, eu me sinto em paz e até tenho uma filhinha brasileira. Tive a sorte que muitos sírios não tiveram: os meus filhos não correm mais perigo”, afirmou. “Nós, refugiados, não precisamos de dinheiro, de cesta-básica. Precisamos de trabalho e da chance de expor nossa experiência e capacidade”, respondeu, ao ser questionado pela plateia sobre sua expectativa no Brasil.

Por Denise Chrispim, de São Paulo.

Por: ACNUR


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