Umas férias cheias de aventuras!

1pixohlahlahTodos nós temos de responder aos desafios que vamos enfrentando, mas ninguém pode negar que fugir precipitadamente, enfrentando uma situação de perigo e sobretudo o desconhecido, implica grande coragem e resiliência. Ainda assim, as mesmas circunstâncias podem ser entendidas de forma diferente.

Conheci E., de nacionalidade Ruandesa, quando apresentou pedido de protecção em Portugal, juntamente com os seus 4 filhos, na década de 90. Todavia, a história que agora relato só me foi contada muitos anos depois.

As circunstâncias do genocídio apanhou a família de E. desprevenida, pelo que durante o processo de fuga acabou por se separar do marido e prosseguir com as crianças, todas menores. Fugir naquele contexto era muito complicado, com 4 crianças ainda mais. Aos poucos foi vendendo (para arranjar mantimentos, local para dormir, gasolina) o que tinha conseguido levar com ela: algumas malas, as poucas jóias, finalmente o carro. Encontrava-se junto a um lago. Apanhou o único barco disponível para a travessia: cheio, sem quaisquer condições, com pessoas amontoadas, igualmente em fuga e muito assustadas,. Vivia-se ali um ambiente de grande tensão. E. começou a perder as forças “O que estava a fazer? Conseguiria alguma vez encontrar segurança?” Sentia-se sobretudo muito preocupada com os seus filhos, pois temia que a urgência de toda aquela situação os viesse a traumatizar, ainda que se esforçasse sempre por manter a calma. Nesse momento, o seu filho mais novo, de 8 anos, aproximou-se e disse-lhe “Maman, estas são as melhores férias que já fizemos! Cheias de aventuras!


por Mónica Farinha, CPR, Portugal
posted: Thursday, 12th June, 2014


Uma família destruída pela guerra já é demais

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