O menino que não chorava…

tania2“Era uma vez um menino que nasceu num país no tempo da guerra.
Nunca conheceu o pai. Vivia apenas com a sua mãe.
Fugiram juntos para um país perto do deles para salvar as suas vidas.
Depois de alguns anos a sua mãe morreu de uma doença de coração e este menino ficou aos cuidados da amiga da sua mãe. Essa snhora ajudou-o durante algum tempo, frequentava a escola mas esta família logo se cansou dele… O menino não tendo outra alternativa teve de voltar ao seu país, que nunca conheceu verdadeiramente… tinha 11 anos de idade.

Mas o menino não chorava!

Foi viver para o campo. Ali, encontrou a ajuda de uma senhora, que o acolheu.
Trabalhava no campo na plantação de arroz… recebia uma refeição e um teto em troca… não ia à escola… as suas mãos estavam severamente calejadas do trabalho… não mais conseguiria segurar um lápis ou folhear um livro. Ficava muitas vezes doente mas não havia médicos…
A vida era muito difícil.

Mas o menino não chorava…não podia chorar!

Aos 17 anos foi raptado por uma socidade secreta chamada Poro. Foi muito mal tratado… ali entendeu que há pessoas que não parecem seres humanos… porque são muito más… ficou preso nessa sociedade durante 2 meses. Conseguiu fugir com a ajuda de muitas pessoas… quis fugir para bem longe daquele lugar, daquele país que já não era seu.
Com ajuda de outras pessoas, apanhou um avião e encontrou um abrigo… ali era bom, não tinha medo, ia à escola, jogava com outros meninos como ele.

O menino que não chora sabe que se alguma vez chorar ali, será de alegria.”

Esta é uma história que quero lembrar, de um Menor Não Acompanhado, contada por si, publicamente, no Dia Mundial do Refugiado, em 2012, na Assembleia da República. Ele não queria contar só a sua história, disse, quero contar a “história de muitos outros meninos “.

Fica a confidência, que certo dia este menino chorou finalmente… e de felicidade.


by Tânia Dias,Departamento Social do Centro de Acolhimento para Refugiados, Portugal
posted: Tuesday, 17th June, 2014


Uma família destruída pela guerra já é demais

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