Dak, começar tudo de novo pela segunda vez

Dak Kier Ngaw

Dak Kier Ngaw, de terno ( Foto: ACNUR/L.F.Godinho)

“Há tempos de paz e tempos de guerra. No entanto, a paz é melhor, e quando o conflito acabar, eu voltarei para o meu país”. Essa é a percepção de Dak Kier Ngaw, 34 anos, sobre a atual situação de seu país natal, Sudão do Sul. Com sua mulher e 07 filhos, ele deixou seu país no final de maio em busca de asilo na Etiópia.

“Quando cheguei à Etiópia, me sentia vulnerável, sem capacidade alguma de fazer alguma coisa para proteger a vida da minha família e prover assistência aos meus filhos”, disse Dak para nós, dentro de um dos abrigos comunitários montados pelo ACNUR e seus parceiros em Burubiey, uma remota vila que está recebendo milhares de refugiados sul-sudaneses que procuram por segurança e paz.

O sentimento de fraqueza e impotência não é novo para Dak, que se tornou refugiado pela segunda vez. Em 1994, quando tinha apenas 14 anos, ele foi forçado a deixar seu país – naquela época era apenas o Sudão – devido ao conflito entre o norte e o sul. Naquela ocasião, ele viveu 11 anos em um campo de refugiados em Dimma, Etiópia. Menos de uma década depois, um conflito armado entre diferentes grupos políticos do mais novo país do mundo forçou Dak a deixar sua casa outra vez.

Agora, a grande diferença é que Dak, que trabalhava como balconista no Ministério das Finanças em Malakal, Sudão do Sul, está casado e fugiu com toda a sua família. Ele tem uma preocupação especial com os gêmeos Duop e Nyanwal, que nasceram no último dia 12 de maio durante a fuga da família do Sudão do Sul para a Etiópia. “Eles nasceram em um hospital dos MSF em Nassir”, recorda Dak, mencionando uma das últimas cidades localizadas antes da fronteira entre Sudão do Sul e Etiópia. “Nós não podíamos continuar, pois era muito difícil para minha esposa. Além disso, nós esperávamos que o conflito não chegasse à Nassir”. No entanto, ele chegou e agora Dak e sua família esperam pela realocação em um dos três campos de refugiados abertos pelo ACNUR e pelo governo etíope para receber aqueles que chegam do Sudão do Sul.

No momento, no ponto de entrada de Burubiey, ele está recebendo ajuda de sua mãe, Nyakirr Kuon Yual, que se recusou a deixar Nassir e está atravessando a fronteira para auxiliar sua mulher com os gêmeos.

Por Luiz Fernando Godinho, em Burubiey, Etiópia.


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