Brasília inicia celebrações do Dia Mundial do Refugiado no Brasil

terça 14. junho 2016 15:00 Tempo: 6 days

UNHCR/F.Faria
Refugiado de Gana, Isaac, reviu amigos durante o evento e ressaltou que não pode deixar de sonhar.

Brasília, 14 de junho de 2016 (ACNUR) - As celebrações do Dia Mundial do Refugiado no Brasil tiveram início no último sábado, em Brasília (DF), com um evento festivo com a participação de refugiados, imigrantes, educadores e profissionais da área humanitária. O encontro, ocorrido no campus da Universidade Católica de Brasília, foi promovido pelo Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), entidade parceira da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).

Pessoas de diferentes nacionalidades e idades estiveram juntas durante toda a tarde, fazendo novas amizades e revendo os amigos que os apoiaram na sua chegada ao Brasil. Com ares de Festa Junina, o evento teve música, comida e brincadeiras. Uma dança coletiva em uma grande roda chamada de "Roda da Vida e da Paz" marcou a celebração.

"Foi um momento mais especial de hoje, mas tudo estava muito bem feito, com carinho e atenção. A comida estava boa e foi muito legal rever amigos e as pessoas que me ajudaram logo quando cheguei ao Brasil", disse Isaac, refugiado ganês que há oito meses vive no Brasil.

Mesmo sem trabalhar, com contas para pagar e ainda sem dominar inteiramente o português, Isaac disse que "momentos de interação como estes são importantes para reafirmarmos que temos que aproveitar o que a vida nos dá de bom, sem esquecer que é importante sonhar". E seu sonho é voltar a viver com a sua família.

UNHCR/F.Faria

O evento teve também o Bazar da Gratuidade, em que roupas, calçados, brinquedos e cobertores coletados pelo IMDH foram doados aos refugiados e imigrantes. Para Rosita Milesi, diretora do IMDH, "mais que meramente propiciar a doação de objetos, a importância do evento como um todo está em possibilitar a criação de um ambiente acolhedor entre brasileiros e refugiados e imigrantes, permitindo que as pessoas de fora encontrem um espaço de acolhida e de intercâmbio de culturas".

E a proposta deu certo. A refugiada Aisha Unjia, de Uganda, já vive no Brasil há dois anos e meio e assegura que mesmo com as barreiras linguísticas e culturais no início, "é possível se sentir acolhida no Brasil. Os brasileiros são gentis e o encontro com diferentes pessoas faz com que logo nos tornemos amigos". Aisha trabalha para uma família norte-americana que vive no Brasil e espera dar continuidade aos estudos que teve que interromper devido aos conflitos armados que enfrentou em seu país de origem.

O evento também reuniu refugiados e imigrantes beneficiados pelo Projeto Ser +, da Universidade Católica de Brasília. Iniciativa da Pró-reitoria de Extensão, o projeto promove o atendimento individualizado a refugiados e imigrantes por parte dos estudantes universitários, na busca de soluções para os problemas dos estrangeiros que chegam ao Brasil. A iniciativa facilita a convivência e o mútuo conhecimento.

"No último semestre, atendemos entre 30 e 40 pessoas de diversas nacionalidades, como ganeses, congoleses, bengaleses e afegãos, sendo que esta troca é de inestimável valor tanto para o universitário como para o estrangeiro que acaba de chegar", disse o gestor do Projeto Ser+, o professor Danilo Borges Dias.

UNHCR/F.Faria

O Dia Mundial do Refugiado é celebrado oficialmente no dia 20 de junho. Ao longo desta semana, diversos eventos serão promovidos pelo ACNUR em diferentes capitais: na próxima quarta-feira (15), haverá o lançamento de uma exposição fotográfica de e sobre refugiados em Curitiba/PR; na quinta-feira (16), o Rio de Janeiro/RJ terá um seminário sobre a temática do refúgio no Museu do Amanhã; já no sábado (18) O Sesc Vila Mariana de São Paulo/SP realizará a premiação dos vídeos vencedores do Festival do Minuto 2016, que teve "refugiados" como tema. Em Porto Alegre/RS haverá uma roda de conversas com refugiados no Parque Farroupilha no dia 19. As celebrações se encerrarão em Brasília com um festival de filmes e feira de sabores no Cine Brasília no domingo (19) e com a abertura da exposição fotográfica Vidas Refugiadas, seguida de debate, no Museu Nacional, dia 20.

Por Miguel Pachioni, de Brasília.

Por: ACNUR


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