Cozinheiro. Irmão. Mentor.
“Não era mais seguro, tivemos de fugir”.
Yaquob, 16 anos: “Em Ghazni, meus irmãos mais novos, Naeem e Yazdan, levavam meu almoço na escola, sentávamos juntos e comíamos. Eles dois não iam à escola porque nasceram surdos e mudos. Então levavam as ovelhas para pastar nas montanhas.
Agora, aqui no Paquistão, estamos por conta própria. Naeem, o irmão do meio, é quem cozinha. Ele vai se tornar um grande chef um dia, porque ele é muito bom na cozinha. Ele até tenta me ensinar a fazer pão afegão. Todas as manhãs fazemos três pães para o café da manhã – eu faço um, o Naeem faz dois. Ele sempre ri de mim porque meu pão nunca é redondo. Pedi para ele me ensinar a fazer biryani em vez de pão, porque acho que é mais fácil do que o pão redondo.
Ele assiste todos os programas de cozinha na TV, e depois testa as receitas. Não temos todos os ingredientes mostrados na TV, então Naeem cria seus próprios pratos. Acho que mutton curry e arroz puro, branco, são suas especialidades, é tudo tão delicioso.
Meu sonho é inscrevê-lo em uma escola de culinária; ele não precisa ouvir e nem falar, tudo que ele precisa é observar, e ele é muito inteligente. Ele capta tudo muito rápido. Talvez um dia, quando tivermos nossa própria casa e dinheiro suficiente, teremos também nosso próprio restaurante”.
Muhammad Yaquob, 16 anos, Neem, 14 anos e Yazdan, 11 anos, nasceram no Afeganistão. Sua família fugiu para o Paquistão em 2010, refugiando-se em Quetta. Em 2012, o pai dos meninos fez uma jornada perigosa de barco até a Austrália. Infelizmente, ele se afogou junto com outras 94 pessoas quando o barco em que estavam virou perto de uma ilha chamada Christmas.
O caso dos meninos foi reportado ao ACNUR e eles foram levados para Islamabad. Foi aí que Naeem desenvolveu o amor pela culinária. Os três irmãos estão esperando pelo dia em que conseguirão realizar seus sonhos.
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O Paquistão abriga quase 1,5 milhão de refugiados afegãos – ainda a maior população no mundo em situação prolongada de refúgio. Como refugiados, órfãos e menores de idade, Yaquob e seus irmãos são extremamente vulneráveis à exploração. O ACNUR providenciou acomodação segura para eles e ajudará a reassentá-los em um terceiro país, para que eles consigam recomeçar a vida. Em 2014, o ACNUR ajudou no reassentamento de dois mil afegãos.
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