Com a minha esposa grávida e 6 crianças caminhamos por 20 dias.

Yuall

Foto: ACNUR/L.F.Godinho

“Quando o conflito começou em Malakal, eu estava trabalhando na cidade como consultor de HIV para a ADRA, uma ONG japonesa. Todos os membros internacionais da equipe fugiram do Sudão do Sul, e os locais foram orientados a buscar proteção em outro lugar. Com a minha família, eu me mudei para uma delegacia de polícia e fiquei lá por uma semana. A situação estava ficando calma de novo, mas a cidade foi recapturada pelas forças rebeldes e os confrontos se tornaram tão intensos que tivemos que nos mudar de Malakal para Nassir. Se eu estivesse sozinho, teria sido mais fácil. Contudo, eu estava com a minha esposa grávida e outras seis crianças. Caminhamos por 20 dias, conseguimos comida de algumas pessoas que nos abrigaram. Às vezes tínhamos que vender algumas roupas para conseguir dinheiro ou comida. Foi muito difícil. Quando chegamos à Nassir, minha mulher não tinha condições de prosseguir. Ela estava prestes a ganhar o bebê. Nós fomos assistidos por um hospital dos Médicos Sem Fronteiras em Nassir, onde meu filho mais novo nasceu. O  nome dele é Gatlat Hoth Yual. O Sudão do Sul agora está em guerra e eu vim com a minha família para a Etiópia por segurança. No meu país não há comida e nem escola para minhas crianças. Estou preocupado com o futuro dos meus filhos. Aqui, nós devemos conseguir educação e serviços básicos para eles. Se a situação melhorar outra vez no Sudão do Sul, eles terão um futuro melhor, sem guerra”.

Por Luiz Fernando Godinho, em Gambela, Etiópia.


Uma família destruída pela guerra já é demais

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